Quero que o tempo acabe de vez com este espetáculo. Acabou. Saí de cena porque me cansei das histórias dos que comigo atuavam e do burburim do público. Dos sorrisos frontais e das críticas pelas costas. Cansei-me da hipocrisia e dos mal entendidos. Fechei o pano, acabou a peça.
Dizem que “a sabedoria consiste em ordenar bem a nossa própria alma”. Fazer e desfazer. Escrever e riscar. Planear e desanimar. Rir e chorar. Viver e… reviver. Cair sete vezes e levantar-se oito. Sem pressas. Sem aspas nem reticências. Sem vírgulas. Sem nada mas com tudo. Toda a essência. Toda a alma e todo o ser.
Saí de cena, saí para respirar. Vou correr, fugir dos palcos. Vou para longe, o mais possível. Saí de cena para entrar na máquina do tempo. Todos temos as nossas. As que nos levam ao passado chamam-se memórias. As outras, aquelas que nos levam para a frente, chamam-se sonhos. Vou entrar na segunda.
Saí de cena. E saí em silêncio porque é aí que começa a sabedoria. No silêncio. Em silêncio…
Patrícia Silva – 26|07|2015