Greves, greves e mais greves

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Revolta-me que os miúdos acordem cedo para ter aulas e, ao chegar à escola, percebam que, afinal, não têm professores porque estes resolveram fazer greve.

Revolta-me que o lixo se acumule nas ruas das cidades e que centenas de pessoas cheguem atrasadas ao emprego ou tenham mesmo de faltar… em nome da greve.

Revolta-me que os tribunais parem quando há gente a clamar por justiça e que os consolados e as embaixadas não sirvam quem mais precisa.

Revolta-me que os trabalhadores da Segurança Social ou das Finanças não estejam ao balcão como deveriam.

Ainda assim, o que mexe realmente comigo, é que médicos e enfermeiros decidam paralisar um hospital. Estamos a falar da saúde de pessoas doentes e sempre ouvi dizer que “com a saúde não se brinca”… Mas, ao que parece, a greve apaga da memória de muita gente alguns dos valores humanos mais essenciais. Quantos serão os que deixam de comer para ter dinheiro para se deslocarem a uma consulta que acaba por não acontecer. Quantos ficam horas e horas nas salas de espera de um hospital. Quantos esperam e desesperam por uma operação que acaba por ser adiada. Para quando? A maioria nem sabe…

Dizem eles, os da Função Pública, que a paralisação do país se faz em nome de um protesto contra os cortes no Orçamento do Estado. Se é legítimo protestar? Claramente. No entanto, “a minha liberdade acaba quando começa a liberdade dos outros”… e nisto, os tais da Função Pública não pensam. É normal e compreensível a revolta e a indignação mas de nada adianta agir contra o próximo que, no fundo, é o mais prejudicado no meio desta história toda.

Chamem-me retrógrada ou até mesmo insensível mas não consigo aceitar que se pare um país em defesa de uma causa sem força para mudar as exigências impostas à nação.

Patrícia Silva